domingo, 4 de julho de 2010

Revolução Comercial...

Introdução


A Revolução Comercial foi o conjunto de transformações ocorridas nas relações de troca entre a Europa e o resto do mundo no período que vai do século XV ao XVII. Decorreu da formação dos mercados nacionais e do desenvolvimento do comércio no continente europeu, a partir do século XI. Incrementando a economia monetária e o comércio com o Oriente, dominado até fins do século XV por genoveses e venezianos, a Revolução Comercial foi o fator determinante da destruição do feudalismo.

O Início da Revolução Comercial

A Partir das primeiras décadas do século XV, em função de que o crescimento da economia europeia seria eliminado, desde que não se encontrasse novos produtores alimentícios e mercados consumidores de produtos artesanais, vários povos lançaram-se aos mares, em busca de novas terras, que representassem novos mercados produtores e consumidores. Primeiramente foram os portugueses, seguidos mais tarde pelos espanhóis, ingleses, franceses e holandeses.

O que Ocasionou a Revolução Comercial

Até o início do século XV, as cidades-estado do norte da Península Itálica (de maneira especial Veneza e Génova) tinham monopolizado toda a relação comercial entre o ocidente europeu e o oriente (Império Bizantino) através das cidades de Alexandria e Constantinopla (ex-Bizâncio, atualmente Istambul). O abastecimento de produtos orientais (especiarias, tecidos finos, tapeçarias) para a Europa ocidental era totalmente controlado por estas cidades italianas, que auferiam grandes lucros por estes meios. O Mediterrâneo, através do qual se estabeleciam as ligações Alexandria/norte da Itália e Constantinopla/ /norte da Itália, era o grande eixo comercial europeu.

Com o início da expansão marítima de outras nações, esta situação se modificou: o eixo comercial deslocou-se do Mediterrâneo para o Atlântico; o monopólio italiano deixou de existir, com Portugal e Espanha deslanchando na corrida por novas terras. África, Ásia e América foram integradas no sistema comercial da Europa, fazendo parte de vastos impérios coloniais, enquanto o ouro, o marfim, as especiarias, os escravos, o açúcar, o tabaco proporcionavam enormes lucros aos mercadores europeus. As doutrinas do Mercantilismo (vide Introdução, Segunda Parte), corno política econômica das monarquias nacionais, ganharam corpo e se cristalizaram, ao mesmo tempo em que se formavam as grandes companhias comerciais monopolistas (como as várias Companhias das índias, por exemplo).

A este conjunto de fatos, que tiveram lugar no decorrer dos séculos XV e XVI, principalmente, chamamos Revolução Comercial. A ele pertence o fenômeno da expansão ultramarina portuguesa, que estudaremos a seguir, com maiores detalhes.

A Expansão Comercial e Marítima Européia.

Passada a crise de retração do século XIV, com secas, fome, pestes, guerras, a economia européia retornou ao crescimento iniciado com as cruzadas. Mas, em meados do século XV, começaram a surgir obstáculos ao processo, gerando uma crise de crescimento.

A primeira razão era a inadequação entre dois sistemas antagônicos, o feudal ( zona rural ), e o capitalista ( cidades ).

A Segunda razão da crise de crescimento se relacionava ao mercado internacional, alimentado principalmente pelos produtos orientais. Que devido ao grande número de intermediários encarecia os preços, enquanto os senhores feudais, os principais consumidores, tinham suas rendas drenadas pela crise do feudalismo.

A terceira razão da crise: a falta de moedas, ecoadas para o Oriente em pagamento das especiarias, criando dificuldades para o desenvolvimento do comércio e forçando a busca de metais preciosos.

Havia, portanto, uma espécie de camisa-de-força contendo a expansão econômica. Assim, a expansão comercial e marítima, abriria novos mercados ou novas rotas para os mercados tradicionais.

Assim a expansão comercial e marítima dos tempos modernos foi , acima de tudo, resultado direito da crise de crescimento da economia européia, baseada no antagonismo entre feudalismo em transformação e capitalismo em formação.

O Mercantilismo

Entende-se por mercantilismo o conjunto de ideias e práticas econômicas dominantes na Europa entre os séculos XV e XVIII, fase correspondente à transição do feudalismo ao capitalismo. Trata-se da política econômica do capitalismo comercial. A política mercantilista, Propugnava que o governo devia exercer um controle férreo sobre a indústria e o comércio para aumentar o poder da nação, ao conseguir que as exportações superem em valor as importações. O mercantilismo era um conjunto de sólidas crenças, entre as quais cabe destacar: a ideia de que era preferível exportar para terceiros a importar bens ou comercializar dentro do próprio país; a convicção de que a riqueza de uma nação depende sobretudo da acumulação de ouro e prata; e a justificação da intervenção pública na economia voltada à obtenção dos objetivos anteriores.

A Prática Econômica do Mercantilismo

O modelo inicial, eles procuravam equilibrar a oferta e a procura, evitavam a concorrência intervindo na produção, estabeleciam preços máximos para os produtos agrícolas e mínimos para os produtos industriais. Disso resultava um colonialismo urbano sobre a zona rural.

Para dar força ao Estado e enriquecer a burguesia, tornava-se indispensável promover a expansão econômica que desse mais lucros e ampliasse a capacidade da população de pagar impostos.

A acumulação de moedas dentro do país, o metalismo, era sinal concreto de que os objetivos tinham sido atingidos.

A manutenção de uma balança comercial favorável foi o recurso encontrado para manter o saldo monetário: exportar mais e importar menos, garantindo o fluxo de moedas para dentro.

Evidentemente para o perfeito funcionamento da balança comercial, o Estado teria de adotar medidas intervencionistas, desenvolvendo o monopólio ( direito exclusivo da comarca sobre a economia ).

Partindo da ideia de que a acumulação maior de riquezas se fazia nas operações mercantis, todas as demais atividades ficaram condicionadas às necessidades do comércio exterior. Proibiu-se a importação de produtos que tivessem similares nacionais. Proibiu-se a exportação de matéria-prima que servisse às indústrias de países concorrentes. Rebaixou-se os preços da matéria-prima, alimentos e mão-de-obra, para aumentar a competição internacional, barateando os custos internos. Praticou-se a importação de artesãos para aperfeiçoar o nível da produção nacional.

O Sistema Colonial

O sistema colonial enquadra-se no capitalismo comercial e na prática mercantilista e se constituiu para beneficiar sua metrópole, ser fornecedor de matérias primas, gêneros alimentícios ou metais preciosos para o mercado europeu. Conquista e exploração das colônias, eis o elemento essencial de tal política econômica. A colônia existe em função das necessidades metropolitanas e cumpre seu papel na medida em que contribui para a manutenção da balança comercial favorável, transferindo lucros pra a burguesia mercantil e para o Estado.

Sua exploração é regida pelo monopólio; ela é um centro exclusivo de exploração metropolitana. Sua economia deve ser complementar e jamais concorrer com a mãe-pátria.

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